sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Gatos


Ninguém como os gatos
sabe contar as estrelas e os duendes
que se evadem do labirinto das fábulas
para desassossegarem as virgens
das aguarelas dos quadros interditos.
Os gatos lavam-se
para que nada do que é impuro
macule a santidade
dos instantes que a memória não retém,
por serem felinos como o reverbero das pedras
preciosas da noite dos alquimistas.

José Jorge Letria

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